sábado, 1 de maio de 2010

Deus Mora Num Vilarejo ou Sobre Uma Musica Que eu Gosto Bastante


Por volta de 500 a. C. o território de Israel sofreu diversas invasões, o que obrigou a seu povo conviver não apenas com estranhos tomando lugar entre eles, não raras vezes com muita violência, como nos contam seus cronistas. Foram os assírios, os babilônicos, os fenícios, os gregos, os romanos, enfim, sucessivas perdas de autoridade sobre o lugar que chamavam: Terra Prometida.
Como ocorre em todas as civilizações desde tempos imemoriais, os profetas, que são na verdade outro tipo de poetas, desenvolveram uma literatura apocalíptica, que falava da esperança de um Reino que os exaltaria e que destruiria seus inimigos, e que no final dos tempos eles reinariam eternamente ao lado do senhor deste Reino numa era de paz absoluta.
Era a maneira como eles tratavam a violência e todas as angustias que se viam obrigados a enfrentar diariamente.
Mas isto cristalizou-se no que posteriormente se tornaria uma doutrina judaico-cristã, a do Reino de Deus, mas que obviamente não se constitui como outra coisa que não um elemento simbólico que dá algum alento à alma humana, de que não podemos prescindir.
A bem da verdade, de um modo ou de outro, todos esperamos o “Reino de Deus”, e nem precisamos, às vezes, que deus venha junto, dependendo do deus que se nos ofereça, é melhor que não venha mesmo.
A Marisa Monte pode não ter pensado nessas coisas quando escreveu a musica Vilarejo, junto com seus parceiros, mas certamente, seu texto teria sido considerado profético há três mil anos, e talvez o possa ser, ainda hoje, por alguns. Eis a questão, se há um Reino de Deus possível, este seria como ela escreveu, “Toda gente cabe lá, Palestina, Shangrilá”; pessoas que vivem numa realidade absurdamente cruel e os que ainda acreditam na utopia de um reino perfeito na terra. Se há um reino de Deus, deve ser assim, igual a “lares de mãe”, como aquela senhora em Cem Anos de Solidão, do García Márquez, capaz de conter os braços dos filhos, ou netos quando estes estão para cometer uma insanidade mesmo contra seus inimigos, que é isso que também faz a Compadecida de Ariano Suassuna.
Deus mora num Vilarejo, e a Marisa Monte descobriu isso e nos contou. Vou mudar para lá também, vem junto.
Eu adoro isso, cara!

2 comentários:

  1. Mário
    São engraçadas as relações que a nossa mente estabelece ao ler um texto.
    Seu post me remeteu imediatamente a uma questão recorrente nas notícias dos principais meios de comunicação, desde que eu me entendo por gente.
    Sobre esta perspectiva estamos sempre tão voltados para o processo de violência e o eterno estado de "não paz" nos territórios, que englobam Israel e a Palestina, que como disse o Gustavo Chacra no seu blog esta semana, esquecemos que existem pessoas dos dois lados que vêem soluções para a questão da ocupação de forma pacífica.
    O cinema e seus documentaristas competentes, desta e de outras partes do globo, estão lá para registrar e nos mostrar o quanto um pouco de boa vontade aos homens poderia nos levar a viver em um mundo em que todos pudessem "caber", juntos e em paz, independente do Deus ou da construção do que seria o Reino ideal para este ou aquele povo.
    Te envio este link que mostra algumas coisas interessantes neste sentido.
    http://www.justvision.org/
    Parabéns pelo Blog!
    CRegina

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  2. Amei isso cara!...
    Colt, parabéns blog!!!
    Assim posso aprender mais e mais contigo.
    Adooooooro!!!
    Bjo enorme

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