sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Saramago: Uma Dívida


Hoje morreu José Saramago, um dos maiores escritores em língua portuguesa, e autor de expressiva produção literária. Cerca de quarenta livros, entre poemas, contos, romances, peças de teatro, crônicas, memórias e literatura infantil, sim, ele escreveu também para crianças, embora os adultos, principalmente os que conhecem algo de sua biografia, possam desfrutar muito mais das lições de A Maior Flor do Mundo do que os pequenos leitores, talvez porque necessitem mais destas lições, também por isso.
Os que estão mais próximos de mim sabem que Saramago, definitivamente, é um dos meus autores preferidos, e que sua obra me ajuda a enxergar o mundo de uma maneira que, sem ela, certamente seria mais nublada.
Hoje que temos um dia lindo, embora o frio persista, com um sol enganador, que não nos ilude a ponto de pensarmos ser possível tirar o agasalho, mas com um céu azul magnífico, todavia, teve nublada toda a alegria que certamente deveria acompanhar este cenário em que julgamos ser impossível que uma má noticia viesse obscurecer o que se prenuncia como dia de bons momentos. Mas a noticia da morte de Saramago coloca um matiz gris em toda essa atmosfera idílica.
Estranhamente me sinto em divida com ele, como um filho que se percebe à cabeceira de morte de seu pai, e que nunca declarara devidamente a importância deste em sua vida, e fica assim, perdido entre o chorar a morte de quem ama e amargar o remorso das palavras suspensas, caladas, abortadas. E como este filho lento no ato de amar, que rememora até os acontecimentos nunca havidos, celebrando a memória daquele que se foi, e contando a todos os fatos que contribuíram para que ele se tornasse o homem que é, vou escrever nas próximas postagens pequenas lições aprendidas com Saramago em seus livros, que tive o prazer de ler ao longo dos últimos dezessete anos.
No entanto, o que cabe agora é silenciar em profundo respeito à memória, e também porque, nada há que dizer além da declaração da tristeza e do espaço que jamais será novamente ocupado. Agradeçamos pela permanência de sua obra, e lamentemos pela ausência no mundo de uma figura publica como ele.

Um comentário:

  1. É Mario, é uma perda e tanto. Quero ler mais coisas dele, só li Ensaio sobre a cegueira e gostei demais. Comecei A caverna, vou terminar.
    Vc tem bom gosto e escreve muito bem!
    Abraços
    Juliana

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