segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tinha Que Ser Você


Dustin Hoffman e Emma Thompson estrelam esse filme cuja verossimilhança nos deixa com certo desconforto. Ele é Hervey Shine, americano, pianista de trilhas de comerciais publicitários, frustrado por ter sonhado a vida toda em se tornar um compositor de jazz, e agora prestes a ser substituído por garotos que compõem por computador, com mais talento em menos tempo. Ela é inglesa, chamada Kate Walker, funcionária de uma empresa de aviação, em crise de idade e de solteirice, às voltas com a mãe neurótica, que confunde os papéis, requerendo uma atenção de filha, mergulhada no ópio da literatura de romances.
Harvey tem que viajar para a Inglaterra, pois sua única filha está para casar-se. Nesta viagem ele terá que reencontrar a ex-esposa, que o trocou por um milionário, e por quem ainda nutre, depois de muitos anos, uma mistura de ciúmes, orgulho ferido e algo que ele talvez ainda confunda com amor. Nessa viagem, ele encontra Kate, isso depois de ter abandonado a festa de casamento de sua filha, onde dera vexame, e de ter perdido o vôo de volta para Nova York, onde talvez tivesse chance de humilhar-se e manter o emprego do qual fora demitido por telefone.
A história dos dois nasce despretensiosamente e surpreende exatamente por este detalhe; o fim é óbvio, sabemos desde o começo que os dois ficarão juntos ao final do filme, portanto, o roteiro dá mais atenção às crises existenciais de ambos, o que dá riqueza, às vezes beirando ao niilismo, ao romance. Quando o filme termina temos a sensação de que investimos bons momentos vendo uma história que poderia acontecer na vida real, e que podemos colher contribuições valiosas para nossa própria caminhada nesse chão, onde a possibilidade das frustrações e crises é cotidiana, com a certeza de que um amor assim pode acontecer, em meio às pedras do meio do caminho.
A paixão nos torna adolescentes em qualquer idade que tenhamos, e é ela que dá cor à vida; neste sentido, toda paixão é milagrosa e curadora. O titulo original é Last Chance Harvey, e em sua ultima chance ele é salvo por um amor que nasce de alguém que acreditava estar árida, configurando uma verdade máxima, no amor a cura é mútua, quem ama cura o amado que o cura também.
Talvez o filme Tinha Que Ser Você tenha alcançado seu maior prêmio ao ter os dois atores indicados ao Globo de Ouro, nada além disso de tão significante, mas não chegará necessariamente ao posto menor de Sessão da Tarde, terá sim, a dádiva de incutir, com muita realidade, fé no amor, esse surpreendente sentimento a que nos expomos conscientemente, mas que sempre insiste em vir de onde menos esperávamos.
Assisti esse filme numa linda tarde de sábado com uma querida amiga, Priscila Gavassi, depois tomamos um café e discutimos a beleza de estarmos aqui, onde essas coisas são possíveis: o palco da vida.

Tinha De Ser Você, com Dustin Hoffman e Emma Thompson: Eu adoro isso cara!

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